Relatório denuncia “cultura de tolerância do mau comportamento” da Oxfam no Haiti

No ano passado, o jornal “The Times” noticiou que altos funcionários da instituição tinham pago a vítimas, incluindo menores, por sexo e que a Oxfam havia encoberto o escândalo. “O que aconteceu de errado no Haiti não aconteceu isoladamente”, sublinhou a Charity Commission, o departamento estatal britânico que regula as instituições de caridade.

Oxfam Internacional

Um relatório sobre a exploração sexual de vítimas do terremoto de 2010 no Haiti por funcionários da Oxfam revela que a instituição de caridade tinha uma “cultura de tolerância do mau comportamento”. A Charity Commission, o departamento estatal britânico que regula as instituições de caridade, acusa ainda a Oxfam de não ter considerado os “avisos”, mesmo os da sua própria equipa, noticiou esta terça-feira a Euronews.

A investigação foi realizada na sequência das alegações publicadas no jornal “The Times” no ano passado, segundo as quais altos funcionários da instituição tinham pago a vítimas do terramoto, incluindo raparigas menores, por sexo e a Oxfam havia encoberto o escândalo. Na altura, a instituição pediu desculpas, disse que abominava e tinha tolerância zero relativamente a comportamentos abusivos, sexuais ou de outra ordem.

“O que aconteceu de errado no Haiti não aconteceu isoladamente”, sublinhou Helen Stephenson, diretora executiva da Charity Commission. “A nossa investigação demonstra que, durante anos, a cultura interna da Oxfam tolerava comportamentos inadequados e, por vezes, perdia de vista os valores que defende. As boas intenções têm um valor limitado quando não combinadas com recursos, sistemas e processos robustos a implementar no local e, mais importante, uma cultura organizacional que dê prioridade à segurança das pessoas”, acrescentou.

“UMA VIOLAÇÃO DE TUDO O QUE A OXFAM DEFENDE”

A diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyima, reitera “a aversão da organização” a comportamentos abusivos, sublinhando tratar-se de “uma violação de tudo o que a Oxfam defende”. “Gostaria de reafirmar o compromisso coletivo da nossa confederação de continuarmos a trabalhar muito para transformar a nossa cultura no local de trabalho e melhorar os nossos sistemas de salvaguarda”, referiu.

O terramoto que atingiu o Haiti em janeiro de 2010 foi o maior no país das Caraíbas em dois séculos, tendo provocado cerca de 220 mil mortos, 300 mil feridos e 1,5 milhões de desalojados.

A Oxfam foi uma das muitas instituições de caridade que se mobilizaram em socorro das vítimas, enviando uma equipa de uma centena de pessoas, incluindo 15 especialistas de emergência. O primeiro sinal de irregularidades chegou logo no ano seguinte, em 2011, depois de um relatório da própria organização ter confirmado alegações de conduta sexual imprópria por parte dos seus funcionários, incluindo o recurso a prostitutas. Vários funcionários foram demitidos, enquanto outros, como o diretor de operações no país, renunciaram.

No entanto, em fevereiro do 2018, o “Times” revelava que a Oxfam não tinha contado a história toda, detalhando casos de pagamento por sexo, incluindo a menores de idade. O jornal alegava ainda que a organização tinha encoberto o escândalo, algo que a Oxfam negou.

Matéria extraída do site: expresso.pt

Hélder Gomes
HÉLDER GOMES


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